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15 de outubro de 2022

O uso de bebidas alcoólicas é tão antigo quanto a própria humanidade. Beber moderada e esporadicamente faz parte dos hábitos de diversas sociedades. Determinar o limite entre o beber social, o uso abusivo ou nocivo de álcool e o alcoolismo (síndrome de dependência do álcool) é por vezes difícil, pois esses limites são tênues, variam de pessoa para pessoa e de cultura para cultura. 

Estima-se que cerca de 10% das mulheres e 20% dos homens façam uso abusivo do álcool; 5% das mulheres e 10% dos homens apresentam a síndrome de dependência do álcool ou alcoolismo. Sabe-se também que o álcool está relacionado a 50% dos casos de morte em acidentes automobilísticos, 50% dos homicídios e 25% dos suicídios. Frequentemente pessoas portadoras de outras doenças mentais (por exemplo, ansiedade, pânico, fobias, depressão) apresentam também problemas relacionados ao uso de álcool.

Para compreender melhor os problemas relacionados ao alcoolismo, é importante saber de algumas definições:

Intoxicação aguda: É a condição que ocorre após a ingestão de bebidas alcoólicas. É conhecida com os mais variados nomes: Embriaguez, bebedeira e outros tantos. O grau de intoxicação depende do tipo e da quantidade de bebida ingerida, da condição física da pessoa, da rapidez da ingestão, se a pessoa está ou não em jejum. As alterações do comportamento observadas na pessoa alcoolizada se relacionam à quantidade de álcool no sangue (medido com aparelhos, por exemplo, o “bafômetro”).

Uso nocivo ou abusivo: Caracteriza-se por uma ingestão de bebida alcoólica que causa algum tipo de prejuízo para a pessoa. Pode ser físico, mental, familiar, profissional ou social.

Síndrome de dependência: Nessa situação a bebida alcoólica se torna uma prioridade para o indivíduo em detrimento de outras atividades cotidianas. Caracteriza-se por um desejo descontrolado, irresistível de consumir bebidas alcoólicas. A pessoa também perde o controle do consumo, bebendo quantidades exageradas e frequentemente. Se o consumo diminuir ou interromper subitamente aparecem sintomas físicos e psíquicos de abstinência, ou seja, da falta do álcool. A síndrome de abstinência caracteriza-se por tremores, sudorese, aumento da pulsação, náuseas, insônia, agitação, ansiedade; em casos mais graves podem ocorrer convulsões e o delirium tremens (além dos sintomas descritos, a pessoa fica confusa, começa a ter alucinações, em geral “visões” de bichos nas paredes ou andando pelo corpo). Com o consumo contínuo do álcool desenvolve-se a tolerância, caracterizada pela necessidade de consumir doses crescentes de bebida alcoólica para obtenção de efeitos que originalmente eram obtidos com doses mais baixas. Há um abandono progressivo de interesses, atividades ou prazeres, ficando a vida cada vez mais concentrada na bebida. A maior parte do tempo da pessoa é ocupada com a busca, o consumo da bebida ou a recuperação de seus efeitos. A pessoa continua bebendo apesar das evidências claras dos prejuízos físicos, psicológicos, familiares e sociais que vem sofrendo.

Detecção

Alguns questionários práticos foram desenvolvidos para ajudar a levantar a suspeita de problemas com o álcool. O mais simples deles é conhecido como CAGE (sigla em inglês, que se refere a palavras das perguntas que são formuladas) e foi desenvolvido por Mayfield e colaboradores (Mayfield, D.; McLeod, G.; and Hall, P. The CAGE questionnaire: Validation of a new alcoholism instrument. American Journal of Psychiatry 131:1121-1123, 1974). Consiste em quatro perguntas:

1. Você já tentou diminuir ou cortar (“Cut down”) a bebida?

2. Você já ficou incomodado ou irritado (“Annoyed”) com outros por que criticaram seu jeito de beber?

3. Você já se sentiu culpado (“Guilty”) por causa do seu jeito de beber?

4. Você já teve que beber para aliviar os nervos ou reduzir os efeitos de uma ressaca (“Eye-opener”)?

Se pelo menos uma resposta a essas perguntas for afirmativa (“sim”) há suspeita de problemas com o álcool. Duas ou mais respostas afirmativas é indicativo de problemas com o álcool.

Outro questionário é conhecido como Brief-MAST (Teste de Detecção de Alcoolismo de Michigan, versão breve), desenvolvido por Pokorny e colaboradores (Pokorny AD; Miller BA; Kaplan HB. The Brief MAST: A shortened version of the Michigan Alcoholism Screening Test. American Journal of Psychiatry 129(3): 342-345, 1972). Consiste em 10 perguntas, com respostas “sim” ou “não”, que recebem pontuação:

1. Você se considera uma pessoa que bebe de modo normal? (Sim = 0, Não = 2).

2. Seus amigos ou parentes acham que você bebe de modo normal? (Sim = 0, Não = 2).

3. Você já foi a algum encontro dos Alcoólicos Anônimos (AA)? (Sim = 5, Não = 0).

4. Você já perdeu amigos/amigas ou namorado/namorada por causa da bebida? (Sim = 2, Não = 0).

5. Você já teve problemas no trabalho/emprego por causa da bebida? (Sim = 2, Não = 0).

6. Você já abandonou suas obrigações, sua família ou seu trabalho por dois ou mais dias em seguida por causa da bebida? (Sim = 2, Não = 0).

7. Você já teve delirium tremens, tremores, ouviu vozes, viu coisas que não estavam lá depois de beber muito? (Sim = 2, Não = 0).

8. Você já procurou algum tipo de ajuda por causa da bebida? (Sim = 5, Não = 0).

9. Você já foi hospitalizado por causa da bebida? (Sim = 5, Não = 0).

10. Você já esteve preso ou foi multado por dirigir embriagado? (Sim = 2, Não = 0).

Se a soma dos pontos for menor ou igual a 3 não há problema com bebidas alcoólicas, se for 4 é sugestiva de alcoolismo e se for igual ou maior que 5 indica alcoolismo.

Consequências físicas do alcoolismo

O uso excessivo de bebidas alcoólicas pode afetar praticamente todos os órgãos e sistemas do organismo. O aparelho gastrintestinal é particularmente atingido. Podem ocorrer gastrites, úlceras, inflamação do esôfago, pancreatite; as lesões no fígado podem levar à cirrose. Outros aparelhos atingidos são o cardiocirculatório (podendo ocorrer pressão alta, infarto do miocárdio), o sistema nervoso (epilepsia, lesões em nervos periféricos) e o geniturinário (impotência). Podem ocorrer também doenças devido a deficiências de vitaminas e alterações no sangue. O uso de álcool por mulheres grávidas pode levar a malformações no feto com retardo mental, malformações no coração, membros, crânio e face (síndrome fetal do álcool).

Consequências psíquicas do alcoolismo

A embriaguez ou intoxicação aguda pelo álcool é bem conhecida. A pessoa pode ficar agitada, falante, eufórica, com incoordenação motora, rubor facial. Por vezes o quadro de embriaguez é acompanhado de um esquecimento dos fatos ocorridos durante a embriaguez (“blackout”). Algumas pessoas ficam embriagadas com doses muito pequenas de bebidas alcoólicas – esse quadro é denominado intoxicação patológica ou idiossincrática.

Na síndrome de dependência ocorre o uso exagerado, contínuo de álcool por muito tempo. Há um desejo intenso de beber e necessidade de beber quantidades cada vez maiores para obter o mesmo efeito (tolerância). As atividades da pessoa giram em torno da obtenção de bebidas, ocorrem prejuízos nas demais atividades, como falta ao trabalho, queda do rendimento no trabalho e convívio familiar.

Outra característica da síndrome de dependência é a síndrome de abstinência. Ocorre em geral com a interrupção ou redução abrupta da quantidade de bebida ingerida. A síndrome de abstinência caracteriza-se por tremores, sudorese, aumento da pulsação, insônia, náusea ou vomito, ansiedade e agitação. Quando se torna mais grave surgem ainda as alucinações, em geral na forma de “visões” de animais ou fios na parede ou no ar ou da sensação de formigamento ou de bichos andando pelo corpo da pessoa. Esse quadro é chamado de delirium tremens e é ainda acompanhado de febre, convulsões e confusão mental (a pessoa não consegue conversar direito, confunde objetos e pessoas, não sabe informar sobre datas ou local onde se encontra). O delirium tremens é um quadro grave e necessita de tratamento hospitalar.

Com frequência, após um delirium tremens, a pessoa desenvolve um quadro caracterizado por esquecimento de fatos que ocorreram recentemente. É denominado amnésia induzida pelo álcool ou síndrome de Korsakoff.

Tratamento

O tratamento do alcoolismo é bastante complexo e depende do tipo de quadro que o paciente apresenta. Em termos genéricos, o primeiro passo é evidentemente a conscientização do problema e a interrupção total do uso de bebidas alcoólicas (abstinência). A chamada “desintoxicação” pode ser feita em casa ou, em casos mais graves, em hospital, mas sempre sob cuidado médico. Nesse período é feita também a avaliação e o tratamento dos danos físicos e mentais decorrentes do álcool.

Após a recuperação inicial, segue-se a manutenção da abstinência. A maioria dos trabalhos mostra que a abstinência deve ser total e completa. Uma “bebidinha” de vez em quando abre caminho novamente para a dependência na grande maioria dos casos. Assim, é preciso muito esforço e muito apoio para que a pessoa fique distante das bebidas alcoólicas e de outros produtos que contenham álcool.

Há alguns medicamentos que podem ajudar a manter a abstinência, os quais devem ser prescritos e seu uso acompanhado pelo médico. O mais conhecido deles é o dissulfiram. Esse medicamento deve ser tomado diariamente; ele provoca uma reação extremamente desagradável se a pessoa que o utiliza faz ingestão mesmo de pequenas quantidades de álcool. Com isso, cria-se uma aversão ao uso do álcool. Outros medicamentos, entre eles o naltrexone, diminuem a vontade de beber e podem contribuir na recuperação.

A psicoterapia desempenha papel fundamental na recuperação. Procurar buscar com o paciente os motivos que o levam a beber e auxiliar na resolução dos conflitos permitem a construção de uma personalidade mais madura, capaz de lidar com as adversidades sem precisar se refugiar na bebida.

Os grupos de autoajuda (Alcoólicos Anônimos e outros) também são muito importantes na recuperação.

Ansiedade é um sentimento humano normal imprescindível para a vida cotidiana. Até uma certa intensidade ela é útil, pois permite que a pessoa possa levar adiante seus projetos e anseios, impulsionando-a para realizar suas atividades. Ela se torna uma doença quando sua intensidade começa a prejudicar o desempenho da pessoa em suas tarefas.

A ansiedade se caracteriza por manifestações psíquicas (subjetivas) e físicas (objetivas). As manifestações psíquicas são difíceis de descrever e variam de pessoa para pessoa. Ela se sente inquieta “por dentro”, apreensiva em relação a algo vago, com desconforto, desprazer, nervosismo, irritação, dificuldade de concentração. As manifestações físicas incluem inquietação motora, falta de ar, boca seca, sudorese, mal-estar abdominal, aperto no coração, tensão muscular, dores, dificuldade para engolir.

A ansiedade pode se manifestar de modo constante ou em crises abruptas que podem estar relacionadas a alguma situação específica ou ocorrerem de modo espontâneo. Frequentemente a ansiedade está associada à depressão.

Os principais transtornos ansiosos são:

1. Ansiedade generalizada
2. Transtorno de pânico 

3. Fobias
4. Transtorno Obsessivo Compulsivo – TOC

A palavra delírio vem do latim e significa “sair do trilho”. Delírio é uma ideia ou um pensamento que não corresponde à realidade. A pessoa, por exemplo, começa a acreditar que está sendo perseguida ou vigiada ou que existem câmeras que espionam seus atos. Os temas dos delírios costumam ser bizarros, implausíveis, mas a pessoa acredita neles com convicção, não modificando suas ideias mesmo após exaustiva demonstração da impossibilidade desses delírios que podem ocorrer em diversas psicoses, particularmente na esquizofrenia.

A tristeza é dos sentimentos humanos o mais doloroso. Todos nós tomamos contato com ela em algum momento de nossas vidas. A tristeza passageira, a “fossa” ou “baixo-astral”, o “estar down” fazem parte da vida, e são superados após algum tempo. O luto, após a perda de um ente querido, manifesta-se por um sentimento de tristeza e vazio e também é superado com o correr do tempo. Devem-se distinguir a tristeza e o luto normais da depressão.

A depressão é uma doença, como outra doença qualquer, que se caracteriza por uma tristeza profunda e duradoura, além de outros sintomas e que dispõe, atualmente, de tratamentos modernos para alívio do sofrimento que acarreta. A depressão é uma doença bastante comum. A cada ano, uma em cada 20 pessoas apresenta depressão. As chances de alguém ter uma depressão ao longo da vida são de cerca de 15%. Ela se manifesta mais frequentemente no adulto, embora possa ocorrer em qualquer faixa de idade, da criança ao idoso. É mais frequente nas mulheres do que nos homens.

É muito importante que as pessoas saibam perceber a depressão para poder procurar ajuda especializada e tratamento. A pessoa sente uma tristeza intensa, que não consegue vencer. Ela pode achar que isso é uma “fraqueza de caráter” e tem vergonha de pedir ajuda, ou então não sabe que se trata de uma doença como outra qualquer, passível de tratamento com grandes chances de sucesso. Nessa situação é muito importante que os familiares ou amigos próximos tomem a decisão de levá-la ao médico, seja o clínico ou médico da família, seja o psiquiatra para uma avaliação minuciosa do quadro, orientando na realização de eventuais exames laboratoriais, bem como no tratamento.

Os principais sintomas da depressão são: tristeza profunda e duradoura (em geral mais que duas semanas), perda do interesse ou prazer em atividades que antes eram apreciadas, sensação de vazio, falta de energia, apatia, desânimo, falta de vontade para realizar tarefas, perda da esperança, pensamentos negativos, pessimistas, de culpa ou autodesvalorização. Além desses, a pessoa pode ter dificuldade para concentrar-se, não dorme bem, tem perda do apetite, ansiedade e queixas físicas vagas (desconforto gástrico, dor de cabeça, entre outras). Em casos mais graves podem ocorrer ideias de morte e suicídio, havendo até pessoas que tentam o suicídio. A depressão pode ser recorrente, a pessoa tem episódios de depressão que se repetem de tempos em tempos.

A causa da depressão não é conhecida. Sabe-se que vários fatores biológicos e psicológicos podem contribuir para seu aparecimento. Em algumas pessoas a hereditariedade tem um peso importante, outros parentes também apresentam depressão. Com muita frequência a depressão começa após alguma situação de estresse ou conflito e depois persiste, mesmo após a superação da dificuldade. As pesquisas mostram que na depressão há um desequilíbrio químico no cérebro, com alterações de neurotransmissores (substâncias que fazem a comunicação entre as células nervosas), principalmente da noradrenalina e da serotonina. A descoberta dessas alterações permitiu o desenvolvimento de medicamentos específicos para o tratamento da depressão: os medicamentos antidepressivos.

O tratamento da depressão se faz atualmente com a combinação dos medicamentos antidepressivos com a psicoterapia. Esses medicamentos permitem uma recuperação gradual da depressão (em geral em algumas semanas), além de proteger a pessoa de novas crises depressivas. Por isso, muitas pessoas precisam tomá-los por longos períodos, às vezes, por toda a vida. Como os medicamentos demoram algum tempo para agir, é importante não desanimar; nesse período o apoio e a compreensão dos familiares são fundamentais.

A abordagem psicoterápica concomitante ao uso de medicamentos permite que o tratamento de depressão seja mais efetivo. A razão para a utilização das duas formas de tratamento está na sua complementaridade. A depressão, qualquer que seja sua origem, acarreta para a pessoa deprimida uma série de alterações em suas relações com as pessoas que a cercam, em suas atividades e, fundamentalmente, na forma de expressão afetiva que possui. A dinâmica de suas emoções encontra-se prejudicada. É nesses aspectos que a psicoterapia pode auxiliar. Leva a pessoa a reflexões sobre o funcionamento dinâmico de suas emoções, possibilitando a reconstituição de seu modo de ser, que se encontra circunstancialmente alterado.

Não faz muito tempo, dizia-se que o Brasil era um “país jovem”, boa parte de sua população tinha menos de 30 anos de idade. No entanto, uma rápida mudança vem ocorrendo nos últimos anos, tanto no Brasil, como no mundo em geral. O número de idosos (pessoas acima de 65 anos de idade, a chamada terceira idade) vem crescendo rapidamente na população. No Brasil havia cerca de 10 milhões em 1990; esse número deve chegar a 34 milhões em 2025.

Entre as principais doenças mentais que atingem os idosos está a depressão. É uma doença frequente em todas as fases da vida, estimando-se que cerca de 15% dos idosos apresentem alguns sintomas depressivos e cerca de 2% tenham depressão grave. Esses números são ainda maiores entre os idosos internados em asilos ou hospitais.

Depressão não é apenas uma tristeza passageira, diante de um fato adverso da vida. A pessoa apresenta uma tristeza profunda e duradoura, acompanhada de desânimo, apatia, desinteresse, impossibilidade de desfrutar dos prazeres da vida. Não se interessa pelas atividades diárias, não dorme bem, não tem apetite, muitas vezes tem queixas vagas, como: fadiga, dores nas costas ou na cabeça. Aparecem pensamentos “ruins”, como ideias de culpa, inutilidade, desesperança; nos casos mais graves podem ocorrer ideias de suicídio.

Acredita-se que vários fatores – biológicos, psicológicos e sociais – atuando concomitantemente, levem à doença. Fatores biológicos, como a presença de depressão em outros membros da família, podem ser considerados predisponentes, enquanto fatores psicológicos e sociais, por exemplo, perda de um ente querido, perda de suporte social, podem desencadear um episódio de depressão. Sabe-se que na depressão há alterações no equilíbrio dos sistemas químicos do cérebro, principalmente nos neurotransmissores noradrenalina e serotonina.

O reconhecimento da depressão no idoso muitas vezes é difícil. Preconceitos em relação à velhice e às doenças mentais dificultam o acesso dos pacientes a um tratamento adequado. Existe a ideia bastante arraigada de que a depressão é um fato “normal” na velhice. Não é! O idoso não precisa ser necessariamente triste. Quando alguém fica desanimado e triste por algumas semanas é preciso levá-lo a um psiquiatra, para uma avaliação especializada, pois pode estar sofrendo de depressão. Muitas pessoas ainda ficam constrangidas de procurar o psiquiatra, diante da ideia de terem uma doença mental. Por causa desses preconceitos, estima-se que cerca de metade dos pacientes deprimidos fiquem sem diagnóstico e tratamento adequados.

A depressão é uma doença como outra qualquer, cujo tratamento tem sofrido avanços significativos nos últimos anos. Medicamentos antidepressivos, que atuam nos neurotransmissores, permitem uma recuperação do equilíbrio químico do cérebro, com a melhora dos sintomas. Essa recuperação demora algumas semanas, durante as quais o apoio dos familiares é também fundamental. O acompanhamento psicoterápico permite uma complementação do tratamento medicamentoso, propiciando a recuperação da qualidade de vida do idoso.

A esquizofrenia é uma doença mental crônica que se manifesta na adolescência ou início da idade adulta. Sua frequência na população em geral é da ordem de 1 para cada 100 pessoas, havendo cerca de 40 casos novos para cada 100.000 habitantes por ano. No Brasil estima-se que há cerca de 1,6 milhão de esquizofrênicos; a cada ano cerca de 50.000 pessoas manifestam a doença pela primeira vez. Ela atinge em igual proporção homens e mulheres, em geral inicia-se mais cedo no homem, por volta dos 20-25 anos de idade, e na mulher, por volta dos 25-30 anos. 

Quais os sintomas? 

A esquizofrenia apresenta várias manifestações, afetando diversas áreas do funcionamento psíquico. Os principais sintomas são:

  1. Delírios: São ideias falsas, das quais o paciente tem convicção. Por exemplo, ele se acha perseguido ou observado por câmeras escondidas, acredita que os vizinhos ou as pessoas que passam na rua querem lhe fazer mal.
  2. Alucinações: São percepções falsas dos sentidos. As alucinações mais comuns na esquizofrenia são as auditivas, em forma de vozes. O paciente ouve vozes que falam sobre ele ou que acompanham suas atividades com comentários. Muitas vezes essas vozes dão ordens de como agir em determinada circunstância. Outras formas de alucinação, como visuais, táteis ou olfativas podem ocorrer também na esquizofrenia.
  3. Alterações do pensamento: As ideias podem se tornar confusas, desorganizadas ou desconexas, tornando o discurso do paciente difícil de compreender. Muitas vezes o paciente tem a convicção de que seus pensamentos podem ser lidos por outras pessoas ou que pensamentos são roubados de sua mente ou inseridos nela. 
  4. Alterações da afetividade: Muitos pacientes têm uma perda da capacidade de reagir emocionalmente às circunstâncias, ficando indiferente e sem expressão afetiva. Outras vezes o paciente apresenta reações afetivas que são incongruentes, inadequadas em relação ao contexto em que se encontra. Torna-se pueril e se comporta de modo excêntrico ou indiferente ao ambiente que o cerca.
  5. Diminuição da motivação: O paciente perde a vontade, fica desanimado e apático, não sendo mais capaz de enfrentar as tarefas do dia a dia. Quase não conversa, fica isolado e retraído socialmente. 

Outros sintomas, como dificuldade de concentração, alterações da motricidade, desconfiança excessiva, indiferença, podem aparecer na esquizofrenia. Dependendo da maneira como os sintomas se agrupam, é possível caracterizar os diferentes subtipos da doença. A esquizofrenia evolui geralmente em episódios agudos nos quais aparecem os vários sintomas acima descritos, principalmente delírios e alucinações, intercalados por períodos de remissão, com poucos sintomas manifestos. 

Qual é a causa da esquizofrenia?

Não se sabe quais são as causas da esquizofrenia. A hereditariedade tem uma importância relativa, sabe-se que parentes de primeiro grau de um esquizofrênico têm chance maior de desenvolver a doença do que as pessoas em geral. Por outro lado, não se sabe o modo de transmissão genética da esquizofrenia. Fatores ambientais, por exemplo, complicações da gravidez e do parto, infecções, entre outros que possam alterar o desenvolvimento do sistema nervoso no período de gestação, parecem ter importância na doença. Estudos feitos com métodos modernos de imagem, como tomografia computadorizada e ressonância magnética, mostram que alguns pacientes têm pequenas alterações cerebrais, com diminuição discreta do tamanho de algumas áreas do cérebro. Alterações bioquímicas dos neurotransmissores cerebrais, particularmente da dopamina, parecem estar implicados na doença. 

Como se diagnostica a esquizofrenia?

O diagnóstico da esquizofrenia é feito pelo especialista a partir das manifestações da doença. Não há nenhum tipo de exame de laboratório (exame de sangue, raio X, tomografia, eletroencefalograma etc.) que permita confirmar o diagnóstico da doença. Muitas vezes o clínico solicita exames que servem apenas para excluir outras doenças que podem apresentar manifestações semelhantes à esquizofrenia.

Como se trata a esquizofrenia?

O tratamento da esquizofrenia visa a controlar os sintomas e a reintegração do paciente. O tratamento da esquizofrenia requer duas abordagens: medicamentosa e psicossocial. O tratamento medicamentoso é feito com remédios chamados antipsicóticos ou neurolépticos. Eles são utilizados na fase aguda da doença para aliviar os sintomas psicóticos e nos períodos entre as crises, para prevenir novas recaídas. A maioria dos pacientes precisa utilizar a medicação ininterruptamente para não ter novas crises. Assim o paciente deve submeter-se a avaliações médicas periódicas; o médico procura manter a medicação na menor dose possível para evitar recaídas e evitar eventuais efeitos colaterais. As abordagens psicossociais são necessárias para promover a reintegração do paciente à família e à sociedade. Devido a alguns sintomas (principalmente apatia, desinteresse, isolamento social e outros) que persistirem mesmo após as crises, é necessário um planejamento individualizado de reabilitação do paciente. Os pacientes necessitam, em geral, de psicoterapia, terapia ocupacional, e outros procedimentos que visem a ajudar a lidar com mais facilidade com as dificuldades do dia a dia. 

Como os familiares podem colaborar com o paciente?

Os familiares são aliados importantíssimos no tratamento e na reintegração do paciente. É importante que estejam orientados quanto à doença esquizofrenia para que possam compreender os sintomas e as atitudes do paciente, evitando interpretações errôneas. As atitudes inadequadas dos familiares podem muitas vezes colaborar para a piora clínica. O impacto inicial da notícia de que alguém da família tem esquizofrenia é bastante doloroso. Como a esquizofrenia é uma doença pouco conhecida e sujeita a muita desinformação, as pessoas se sentem perplexas e confusas. Frequentemente, diante das atitudes excêntricas dos pacientes, os familiares reagem também com atitudes inadequadas, perpetuando um círculo vicioso difícil de ser rompido. Atitudes hostis, críticas e superproteção prejudicam o paciente, apoio e compreensão são necessários para que ele possa ter uma vida independente e conviva satisfatoriamente com a doença.

O medo é um sentimento comum a todas as espécies animais e serve para proteger o indivíduo do perigo. Todos nós temos medo em algumas situações nas quais o perigo é iminente.

A fobia pode ser definida como um medo irracional, diante de uma situação ou objeto que não apresenta qualquer perigo para a pessoa. Com isso, essa situação ou esse objeto são evitados a todo custo. Essa evitação fóbica leva muito frequentemente a limitações importantes na vida cotidiana da pessoa. As fobias são acompanhadas de ansiedade importante e frequentemente de depressão.

Os transtornos fóbico-ansiosos constituem um grupo de doenças mentais em que a ansiedade é ligada predominantemente a uma situação ou objeto. Há três tipos principais de fobia:

1. Agorafobia: Inclui medo de espaços abertos, da presença de multidões, da dificuldade de escapar rapidamente para um local seguro (em geral a própria casa). A pessoa pode ter medo de sair de casa, de entrar em uma loja ou shopping, de lugares onde há multidões, de viajar sozinho. Muitas pessoas referem um medo aterrorizante de se sentirem mal e serem abandonadas sem socorro em público. Muitas pessoas com agorafobia apresentam também o transtorno de pânico.

2. Fobia social: Nesse caso a pessoa tem medo de se expor a outras pessoas que se encontram em grupos pequenos. Isso pode acontecer em reuniões, festas, restaurantes e outros locais. Muitas vezes elas são restritas a uma situação, por exemplo, comer ou falar em público, assinar um documento na presença de outras pessoas ou encontrar-se com alguém do sexo oposto. Muitas pessoas apresentam também baixa autoestima e medo de críticas. Usualmente a pessoa nessas situações apresenta rubor na face, tremores, náuseas. Em casos extremos pode isolar-se completamente do convívio social.

3. Fobias específicas (ou isoladas): Como o próprio nome diz, são fobias restritas a uma situação ou objeto altamente específicos, como: animais inofensivos (zoofobia), altura (acrofobia), trovões e relâmpagos (astrofobia), voar, espaços fechados (claustrofobia), doenças (nosofobia), dentista, sangue, entre outras. A incapacitação da pessoa no dia a dia depende do tipo de fobia e de quão fácil é evitar a situação fóbica.

As fobias atingem cerca de 10% da população. Em geral surgem na infância ou adolescência, persistindo na idade adulta se não são tratadas adequadamente. Acometem mais frequentemente pessoas do sexo feminino (com exceção da fobia social, que atinge igualmente homens e mulheres). Depressão, uso de drogas e álcool podem ocorrer frequentemente associados aos transtornos fóbico-ansiosos.

O tratamento das fobias se faz com a associação de medicamentos com psicoterapia. Os medicamentos mais utilizados pertencem ao grupo dos antidepressivos, os ansiolíticos também são frequentemente indicados. A psicoterapia auxilia na compreensão de fatores que podem agravar ou perpetuar os sintomas fóbicos.

O transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) é bem conhecido como uma doença típica da infância. A criança apresenta falta de persistência nas atividades que envolvem concentração, não completa as tarefas, tem atividade excessiva e desorganizada. Pode ser também impulsiva e imprudente, propensa a acidentes e frequentemente apresenta problemas disciplinares por infração não premeditada de regras. Até há poucos anos acreditava-se que o TDAH melhorava ou desaparecia à medida que a criança se tornava adulta. Sabe-se, atualmente, no entanto, que esse transtorno persiste em cerca de 30% a 50% dos adultos que tiveram TDAH na infância. Em geral o transtorno é mais leve no adulto do que na criança, mesmo assim, pode prejudicar bastante o cotidiano da pessoa.

A primeira condição para se fazer o diagnóstico de TDAH no adulto é constatar que a pessoa teve essa doença na infância. A doença não se inicia na idade adulta, trata-se da persistência da doença da criança no adulto.

Os sintomas principais do TDAH no adulto são:

1. Déficit de atenção: A pessoa distrai-se com facilidade, comete erros por distração no trabalho ou nas atividades que exigem concentração, é desorganizada, “avoada”, esquece compromissos assumidos, perde seus objetos ou não lembra onde os deixou, não presta atenção quando alguém está falando consigo, “sonha acordado”.

2. Hiperatividade motora: Agitação ou inquietação constantes, a pessoa não consegue ficar muito tempo parada, está sempre “a todo vapor”, se está sentado fica mexendo os dedos, os pés, não consegue assistir a TV ou a um filme sem se levantar. Há uma movimentação excessiva e desnecessária para o contexto.

Outros sintomas característicos são:

1. Labilidade afetiva: Oscilações entre tristeza e euforia, “altos e baixos”, mudanças bruscas de humor.

2. Temperamento explosivo: “Pavio curto”, brigas e discussões por motivos fúteis, perda de controle.

3. Hiper-reatividade emocional: “Fazer tempestade em copo d’água”, dificuldade de lidar com situações de pressão, de estresse, facilmente fica estressado.

4. Desorganização: Mesas desarrumadas no trabalho, perda de documentos importantes, relatórios malfeitos.

5. Impulsividade: Agir sem pensar, decisões são tomadas sem pensar, rompem ou iniciam relacionamentos/casamentos abruptamente, deixam empregos subitamente.

As manifestações acima descritas devem ter duração de pelo menos seis meses e ser suficientemente graves para prejudicar a vida cotidiana, profissional ou familiar.

Além do comprometimento em diferentes áreas (social, profissional, familiar), muito frequentemente essas pessoas fazem também abuso de drogas (álcool, cocaína etc) e podem apresentar outros transtornos mentais concomitantemente (depressão, ansiedade).

O tratamento é feito principalmente com medicamentos (psicoestimulantes e antidepressivos) e psicoterapia.

Na mitologia grega, “Pã” é um deus dos pastores e rebanhos, representado como divindade semi-humana: o rosto barbudo e enrugado, queixo saliente, expressão animalesca, a testa é ornada por dois cornos; o corpo é peludo e os membros inferiores são de bode, as patas são magras e nervosas. É dotado de muita agilidade, rápido na corrida, sabe dissimular-se nas moitas, onde se esconde para espiar as Ninfas e assustá-las. É dito também que surgia repentinamente na Ágora ateniense, durante as assembleias, para aterrorizar as pessoas e tumultuar as discussões. A palavra “pânico” deriva de “Pã” e representa um medo infundado, susto ou pavor repentino.

Manifestações clínicas e diagnóstico atual 

O transtorno do pânico – TP (também chamado de ansiedade paroxística episódica) é caracterizado pelos ataques recorrentes de ansiedade intensa em circunstâncias imprevisíveis. Além da ansiedade intensa (pânico), a pessoa tem a sensação de morte iminente, de perda do controle de si ou de ficar “louco”. Essa ansiedade é acompanhada de vários sintomas somáticos: palpitações, dor no peito, tontura, falta de ar, vertigens, sudorese excessiva, sensação de estar “aéreo”, sensação de desmaio, formigamentos no corpo, ondas de calor e frio, náuseas e outros. Em geral duram alguns minutos, raramente mais que uma hora. Como os ataques de pânico são imprevisíveis a pessoa desenvolve o medo de ter novos ataques, passando a tomar medidas “preventivas” para evitar lugares ou situações que supõe, podem desencadear novas crises. Desenvolve fobias que são denominadas de agorafobia; passa muitas vezes a ter uma vida restrita, sendo incapaz de ficar sozinha ou de ir a lugares públicos. Muitas vezes tem uma ansiedade persistente, antecipatória.

O TP atinge cerca de 1 a 2 % da população, em geral inicia-se na adolescência ou no adulto jovem, sendo mais frequente nas mulheres. É frequente a ocorrência de prolapso da válvula mitral em pacientes com transtorno de pânico. Algumas doenças físicas, como hipertireoidismo e feocromocitoma, podem se manifestar com ataques de pânico. Pacientes com TP podem desenvolver secundariamente quadros depressivos ou mesmo de dependência de drogas ou álcool.

Suas causas são desconhecidas. Há fatores predisponentes e fatores desencadeantes da doença. A hereditariedade parece ter um peso, na medida que parentes de portadores de TP têm maior chance de apresentar a doença. Alguns fatores psicológicos ligados à primeira infância, especialmente vivências de ansiedade de separação parecem tornar os indivíduos vulneráveis. Em indivíduos predispostos é possível desencadear ataques de pânico por meio de medicações (isoproterol, lactato), demonstrando que eles são vulneráveis à doença. Por outro lado, medicamentos que agem sobre a serotonina (neurotransmissor do sistema nervoso) podem bloquear os ataques de pânico.

O TP pode ser desencadeado por fatores emocionais que levem a estresse, por drogas (maconha, cocaína etc.) e por doenças físicas. Na maioria das vezes o TP se torna autônomo, passando a ocorrer independentemente de fatores externos.

Muitos dos indivíduos que desenvolvem TP apresentam ansiedade, insegurança, tensão, dificuldade para relaxar, preocupação excessiva, mesmo antes de ter as crises. Essas características de personalidade parecem torná-los mais vulneráveis à doença.

Muitos indivíduos desenvolvem agorafobia bastante limitante mesmo tendo tido apenas um ataque de pânico. Outros continuam agorafóbicos mesmo após terem as crises controladas com a medicação. Fatores psicológicos influem bastante no modo como essas pessoas lidam com suas situações de ansiedade.

Abordagem terapêutica

O TP é uma doença em que fica evidente a necessidade da integração entre as abordagens farmacológica e psicoterápica no tratamento do paciente. Os ataques de pânico podem ser controlados com medicamentos antidepressivos em baixas doses. Já os sintomas fóbicos raramente melhoram espontaneamente, mesmo após o controle das crises, requerendo uma abordagem psicoterápica.

Os medicamentos antidepressivos, particularmente aqueles com ação predominante no sistema serotoninérgico (alguns tricíclicos, como a clomipramina, os inibidores seletivos da recaptação da serotonina, por exemplo, a fluoxetina, a paroxetina e os inibidores da monoamino-oxidase), e os benzodiazepínicos (especialmente o alprazolam), propiciam melhora rápida dos ataques de pânico, havendo supressão desses medicamentos em algumas semanas na maioria dos pacientes.

A evitação fóbica requer abordagem psicoterápica, para que o paciente se sinta seguro para retornar a suas atividades cotidianas, sem as limitações impostas pelo medo de ter novas crises. Aspectos relacionados a psicodinâmica da personalidade serão aprofundados visando a explorar situações de conflito que possam ser desencadeadoras das crises. A experiência assustadora de perda de controle sobre as próprias emoções parece ser central nessas pessoas.

Muitos portadores de TP se descrevem como pessoas medrosas, nervosas e tímidas na infância, passaram por experiências de desconforto em relação a sentimentos agressivos, lidando mal com tais sentimentos e referem que seus pais eram assustadores, críticos e controladores. Tendo uma personalidade frágil, frequentemente tomada por vivências de vazio e desamparo, necessitam de um outro para suprir tais funções. É tarefa do psicoterapeuta auxiliar a pessoa a construir referências internas que possam promover melhor integração das vivências, preenchendo o espaço vazio que tanto a deixa angustiada.

O transtorno obsessivo compulsivo (TOC) caracteriza-se por dois tipos de manifestações: as obsessões ou ideias obsessivas e as compulsões ou rituais compulsivos. As obsessões são ideias ou imagens que vem à mente da pessoa independentemente de sua vontade e de forma repetida. Embora a pessoa saiba que são ideias suas, sem sentido, não consegue evitar de pensá-las. São frequentes ideias relacionadas à religião, sexo, dúvidas, contaminação, agressão (por exemplo, a pessoa tem ideias repetidas de que suas mãos estão contaminadas por ter tocado em objetos “sujos”). As compulsões são atos ou rituais que o indivíduo se vê obrigado a executar para aliviar ou evitar as obsessões. Se a pessoa não executa o ato compulsivo ela fica muito ansiosa. Os rituais são repetidos numerosas vezes, apesar da sensação que a pessoa tem de que não fazem sentido. Compulsões frequentes são lavar as mãos, verificar se a porta está trancada ou a válvula do gás está fechada, questionar uma informação repetidamente para ver se está correta, executar minuciosamente uma série pré-programada de atos para evitar que aconteça algum mal a alguém, contar ou falar silenciosamente. Tanto as obsessões como as compulsões ocupam uma boa parte do tempo da pessoa, prejudicando ou dificultando seu dia a dia. 

Como a própria pessoa reconhece que seus pensamentos ou atos são sem sentido, ela procura disfarçar tais manifestações, evitando conversar sobre esse assunto e relutando em procurar auxílio médico psiquiátrico.

O transtorno obsessivo compulsivo inicia em geral no fim da adolescência, por volta dos 20 anos de idade e atinge cerca de 2 em cada 100 pessoas. A doença pode se manifestar em crianças também. Em geral a doença evolui com períodos de melhora e piora; com o tratamento adequado há um controle satisfatório dos sintomas, embora seja pouco frequente a cura completa da doença.

Muitos portadores de TOC apresentam também outros transtornos, como: fobia social, depressão, transtorno de pânico e alcoolismo. Alguns transtornos mentais, como: a tricotilomania (arrancar pelos ou cabelos), o distúrbio dimórfico do corpo (ideia fixa de que há um pequeno defeito no corpo, em geral na face) e a síndrome de Tourette (síndrome dos “tics”) parecem estar relacionados ao TOC.

Pesquisas recentes mostram que o TOC é uma doença do cérebro em que algumas áreas cerebrais apresentam um funcionamento excessivo. Sabe-se também que o neurotransmissor serotonina está envolvido na formação dos sintomas obsessivo compulsivos. Acredita-se também que as pessoas que têm uma predisposição para a doença, reagem excessivamente ao estresse. Tal reação consiste nos pensamentos obsessivos, que por sua vez geram mais estresse, criando, assim, um círculo vicioso.

O tratamento do transtorno obsessivo compulsivo envolve a combinação de medicamentos e psicoterapia. Os medicamentos utilizados são os antidepressivos, em geral em doses elevadas e por tempo bastante prolongado. A psicoterapia mais estudada é a terapia comportamental, por meio da qual o paciente é estimulado a controlar seus pensamentos obsessivos e rituais compulsivos. Outras formas de psicoterapia auxiliam o paciente a lidar com as situações de ansiedade que agravam a doença.

ALCOOLISMO

ANSIEDADE

DELÍRIO

DEPRESSÃO (TRANSTORNO DEPRESSIVO)

DEPRESSÃO NO IDOSO

ESQUIZOFRENIA

FOBIAS (TRANSTORNOS FÓBICO-ANSIOSOS)

TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE NO ADULTO

TRANSTORNO DE PÂNICO

TRANSTORNO OBSESSIVO COMPULSIVO – TOC